terça-feira, 12 de maio de 2009

Testemunho da minha avó, Maria dos Prazeres Monteiro Santos:
Vivia numa roça, no norte de Angola, uma plantação de café. Os negros da África do Sul vinham trabalhar para a roça onde eu vivia – Roça Santarém.
A alimentação vinha em colunas de carros, mas, como esta não era suficiente, tínhamos as nossas hortas e capoeiras particulares. Quando queria ir a Luanda, eram necessárias colunas militares. À frente ia o carro mais pesado, no meio os civis e por último o resto das tropas. Tudo isto era indispensável, pois podíamos ser vítimas de emboscadas, por parte dos negros.
Trabalhava num organismo que colaborava com a PIDE, a Defesa Civil de Angola. Estes dois organismos contribuíram para o atraso da independência de Angola. Contra este facto, estavam os partidos angolanos, (MPLA, UNITA, FNLA). Eles conseguiram acesso aos ficheiros destes organismos e quiseram liquidar-nos. Com os ficheiros em seu poder, começaram a matar todos os funcionários.
Por volta de 1975, eu e a minha família partimos num avião sem quaisquer bens materiais, só com a roupa que tínhamos vestida. Chegámos a Lisboa e viemos para a casa da nossa família, em Castelo Branco.





Catarina Santos